Dra Márcia Marques Guimarães

A depressão é um transtorno que se caracteriza por uma sensação persistente de tristeza, perda de interesse ou prazer nas atividades cotidianas, além de vários sintomas emocionais e físicos que podem interferir significativamente na vida da pessoa. É diferente de uma tristeza passageira porque se apresenta de forma profunda e duradoura, afetando o modo como a pessoa sente, pensa e age.

Qual médico procurar?

O médico de família e/ou clínico geral está apto a diagnosticar e conduzir o tratamento da depressão porque cuida da saúde física e mental de forma integrada. Através de uma consulta qualificada, em que o médico está disponível para ouvir e entender as demandas do paciente, é possível identificar os sinais e sintomas mentais e físicos da depressão. Diagnosticar de forma criteriosa essa condição e tratar integralmente o paciente, é o caminho para a recuperação plena e duradoura.

Sou a Dra. Márcia Marques e trato pessoas com depressão há mais de 30 anos. Estou disponível para oferecer o cuidado e acompanhamento adequados, abordando cada paciente de maneira responsável e individualizada.

Por que a depressão acontece?

Não há uma única causa específica, mas uma combinação de fatores que interagem de maneira complexa. Vamos ver os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da depressão.

FATORES BIOLÓGICOS

  1. Genética: a genética por si só não é determinante, mas pessoas com histórico familiar de depressão têm maior probabilidade de desenvolver o transtorno.
  2. Neurotransmissores: desequilíbrios químicos no cérebro com níveis alterados de serotonina, dopamina e noradrenalina, podem afetar o humor, facilitando o surgimento da depressão.
  3. Inflamação: estudos recentes sugerem que processos inflamatórios no corpo e no cérebro podem estar relacionados ao desenvolvimento de transtornos depressivos.
  4. Mudanças hormonais: mudanças hormonais que ocorrem durante a gravidez, puerpério, menopausa e por doenças da tireoide podem aumentar o risco de depressão.

FATORES DE SAÚDE MENTAL

  1. Traumas e eventos estressantes: experiências traumáticas, como abusos, perdas significativas ou violência podem aumentar a vulnerabilidade à depressão. O estresse crônico também é um fator de risco.
  2. Padrões de pensamento negativo: pessoas com pensamentos automáticos negativos, pessimismo ou baixa autoestima são mais sujeitos à depressão.
  3. Transtorno de personalidade: pessoas com personalidades mais dependentes, obsessivas ou muito perfeccionistas são mais suscetíveis à desenvolver depressão.

FATORES AMBIENTAIS

  1. Condições de vida: pessoas em situação de pobreza, desemprego, dificuldades financeiras e isolamento social são mais suscetíveis ao transtorno depressivo.
  2. Eventos de vida: luto prolongado, término de relacionamentos, problemas recorrentes no trabalho e mudanças drásticas na vida são exemplos de situações que podem desencadear a depressão.
  3. Falta de apoio social: pessoas que se percebem solitárias ou não tem rede de apoio são mais sujeitas a apresentar depressão.

Entender que a depressão é uma doença complexa e multifatorial ajuda a combater o preconceito e a reconhecer que não é “fraqueza” nem “falta de esforço” para sair desse quadro. É uma condição de saúde séria que demanda tratamento adequado.

Existem fatores de risco para depressão?

Fatores de risco são condições, características ou comportamentos que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver uma determinada doença. Para a depressão, os principais fatores de risco são:

  • Histórico familiar de depressão.
  • Sexo e idade: mais frequente nas mulheres, adolescentes, adultos jovens e idosos.
  • Uso de substâncias: o abuso de álcool e/ou drogas está fortemente ligado à depressão.
  • Uso de medicamentos: a depressão pode surgir ou agravar como efeito colateral de alguns medicamentos.
  • Doenças crônicas: condições de adoecimento grave como problemas cardíacos, diabetes, doença de Parkinson, doenças da tireoide e dor cônica estão associadas a maior risco para depressão.
  • Outros transtornos mentais: transtorno de ansiedade, transtorno borderline, transtornos alimentares, esquizofrenia estão associados à depressão.

Sintomas da depressão

Os sintomas do transtorno depressivo podem variar em intensidade e duração. Eles se manifestam de maneira persistente por pelo menos duas semanas e afetam negativamente a vida diária.

  • Tristeza profunda e contínua, muitas vezes sem causa aparente – é um dos sintomas mais característicos.
  • Perda do interesse e/ou prazer: embotamento das emoções (apatia); atividades que antes traziam alegria e satisfação são deixadas de lado.
  • Humor deprimido, ansiedade e angústia.
  • Fadiga ou perda de energia, com alterações do sono.
  • Diminuição do desempenho sexual e da libido.
  • Alterações no apetite e no peso corporal.
  • Dificuldade de concentração e tomada de decisões.
  • Sentimento de culpa ou inutilidade.
  • Agitação ou lentifificação psicomotora.
  • Pensamentos recorrentes de morte.
  • Irritabilidade
  • Desesperança, medo, desamparo, insegurança.
  • Interpretação distorcida e negativa da realidade.
  • Sintomas físicos sem causa aparente.

Tipos de depressão

Apesar de frequentemente ser referida como uma única condição, a depressão pode se manifestar de diferentes maneiras, cada uma com seus sintomas específicos.

TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: é o tipo mais conhecido e chamado simplesmente de “depressão”. Apresenta os sintomas característicos do transtorno por pelo menos duas semanas ou em episódios.

TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE (DISTIMIA): é uma forma mais leve, porém cronica, de depressão. Os sintomas são menos intensos mas podem durar anos, sem interrupção. Essa “depressão de grau leve” pode impactar a qualidade de vida de forma sutil e prolongada.

TRANSTORNO AFETIVO SAZONAL (TAS): está ligada À mudança das estações do ano, ocorrendo geralmente no outono e inverno, quando ha menos luz solar Acredita-se que a falta da luz solar afete os níveis de serotonina no cérebro provocando a alteração do humor.

DEPRESSÃO PÓS-PARTO: afeta as mulheres nas primeiras semanas ou meses após o parto. Além dos sintomas típicos de depressão, ela pode incluir sentimentos de ansiedade severa e até pensamentos prejudiciais sobre si e o bebê. É uma condição grave que exige intervenção médica imediata.

TRANSTORNO BIPOLAR (TAB): nessa condição a pessoa alterna entre estados de depressão e mania ou hipomania (euforia extrema, impulsividade e comportamento imprudente). Os episódios depressivos do TAB podem ser intensos e durar semanas ou meses, sendo seguidos por edipódios maníacos.

DEPRESSÃO PSICÓTICA: é uma forma grave de depressão que inclui sintomas psicóticos, como alucinações e delírios. Exige intervenção médica imediata, e em alguns casos, hospitalização.

DEPRESSÃO ATÍPICA: é caracterizada por uma resposta emocional reativa, em que o o humor da pessoa melhora frente a situações positivas. Além disso a pessoa precisa apresentar pelo menos dois dos seguintes sintomas: ganho de peso ou aumento importante do apetite, sonolência constante, sensação de corpo pesado, hipersensibilidade à rejeição.

TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ-MENSTRUAL: é uma forma grave de síndrome pós menstrual (TPM) que causa sintomas depressivos e emocionais debilitantes. Geralmente ocorre nos dias que antecedem a menstruação e interfere significativamente na vida cotidiana da mulher.

O diagnóstico correto e tratamento da depressão é essencial para aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida, promover o bem-estar mental e físico e prevenir agravamentos.

Como saber se tenho depressão?

Diagnosticar depressão é um processo complexo porque envolve identificar os sintomas do transtorno, sua duração e a maneira como impactam na vida diária. Médicos e psicólogos geralmente utilizam critérios estabelecidos , como os descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DMS-5). Também é necessário diferenciar a depressão de outros transtornos ou doenças físicas, como por exemplo demência, transtorno bipolar, alterações hormonais, deficiências nutricionais. A precisão no diagnóstico é crucial para que o tratamento seja bem planejado, de acordo com as necessidades de cada paciente.

Qual o tratamento da depressão?

O tratamento da depressão é um processo que envolve a combinação de vários recursos, e em alguns casos será necessário por toda a vida. O tipo de tratamento vai variar conforme a gravidade dos sintomas e até que comece uma melhora evidente, podem ser necessárias avaliações frequentes e monitorização do progresso do tratamento. São recursos utilizados no tratamento da depressão:

  1. Psicoterapia: é executada por psicólogos e tem grande eficácia para auxiliar o paciente a lidar com o transtorno e entender a realidade de sua condição. É efetiva tanto na condição aguda como para prevenir recaídas. A terapia Cognitivo Comportamental e a Terapia Interpessoal são exemplos de abordagens psicoterápicas.
  2. Medicamentos: são frequentemente usados nos casos moderados e graves. Podem ser usado em monoterapia (um remédio só) ou combinados. Em geral, levam algumas semanas para começar a fazer o efeito desejado e demandam acompanhamento médico regular para ajuste de doses e avaliação da resposta do paciente.
  3. Eletroconvulsoterapia (ECT): consiste na indução elétrica de uma convulsão sob condições controladas. É uma opção de tratamento para os casos de depressão grave e refratária a outras abordagens. Devido aos efeitos colaterais graves, a ECT deve ser considerada somente depois de uma avaliação muito criteriosa do diagnóstico e medindo os potenciais riscos e benefícios.
  4. Fototerapia: é mais usada na depressão sazonal. O tratamento pode ser feito em casa com uma unidade de luz especial, durante 30 a 60 minutos por dia.
  5. Ervas medicinais: podem ser uma opção nos casos leves e também demandam acompanhamento médico.
  6. Práticas complementares: Acupuntura, yoga, mindfulness, meditação, musicoterapia, entre outras, são recursos adicionais no tratamento da depressão.
  7. Mudanças no estio de vida: a prática de atividade física regular, alimentação balanceada, baixo ou nenhum consumo de bebida alcoólica, sono de qualidade favorecem o controle dos sintomas depressivos.

Todos esses métodos combinados têm como objetivo reduzir os sintomas que interferem nas atividades diárias e comprometem o desempenho pessoal e social da pessoa com transtorno depressivo. Além do bem-estar mental, o tratamento da depressão possibilita também melhorar a saúde física, uma vez que reabilita a pessoa a desenvolver atividades e bons hábitos que foram abandonados ou não iniciados. Prevenir recaídas também é uma preocupação e acontece com menor frequência através do acompanhamento contínuo.

Dúvidas frequentes sobre depressão

  1. Como ajudar uma pessoa com depressão? Ajudar uma pessoa com depressão envolve muito empenho.

escute sem julgar: permita que apessoa fale sobre seus sentimentos sem críticas ou conselhos imediatos. Mostre empatia e compreensão.

incentive a buscar ajuda profissional: é possível tratar a depressão. Recomende que a pessoa procure um médico e/ou psicólogo, e se necessário, se ofereça para acompanhá-la em consulta.

ajude com tarefas práticas: a depressão pode dificultar a realização das atividades diárias. Ofereça ajuda com pequenas tarefas, como cozinhar, marcar consultas médica, passear com o pet, etc.

promova hábitos saudáveis: sugira atividades leves com caminhadas e auxilie nas escolhas saudáveis, como alimentação balanceada, mas lembre-se de nunca pressionar.

seja paciente: o tratamento da depressão leva tempo. Esteja disponível sem impor prazos para a melhora. Evite frases como “isso é só uma fase” ou “você precisa se esforçar mais”. Ao invés disso, diga “estou aqui para você.”

conheça os sinais de risco: se a pessoa expressar pensamentos suicidas ou sinais de auto-lesão, procure ajuda imediatamente num serviço de emergência, ou com o profissional medico ou psicologo responsável pelo tratamento.

Estar presente pode fazer uma diferença enorme mas o papel do amigo ou familiar é de apoio. O tratamento da depressão é muito importante e deve ser conduzido por profissionais qualificados.

2. Depressão tem cura? A depressão é um transtorno de saúde sério, mas com tratamento adequado a maioria das pessoas pode alcançar uma recuperação muito boa e viver plenamente. Hoje em dia não se fala em “cura definitiva” mas em remissão, que é a ausência ou redução dos sintomas por longos períodos.

3. Existe tratamento natural para a depressão? Sim, existem terapias naturais que podem auxiliar o tratamento convencional da depressão, mas não substituem a terapia psicológica ou o uso de medicamentos receitados por médicos. As técnicas de relaxamento como meditação, mindfulness e respiração profunda ajudam a melhorar o bem estar emocional; algumas plantas medicinais podem ser uteis nos casos leves e moderados de depressão.

É muito importante sempre conversar com o profissional assistente (medico e psicologo) antes de iniciar qualquer tratamento natural. Esses tratamentos são complementares e têm maior eficácia em casos leves ou moderados. Todos os casos de depressão exigem acompanhamento profissional e o tratamento com remédios não deve ser substituído por terapias naturais.

E para terminar

Embora o transtorno depressivo seja uma condição desafiadora, com o tratamento adequado e suporte, a recuperação é possível. Milhões de pessoas em todo o mundo superaram a depressão e voltaram a viver com alegria e propósito. O mais importante é lembrar que não há vergonha em pedir ajuda e, com perseverança e tratamento adequado e individualizado é possível encontrar o bem-estar e o bem-viver novamente. A depressão pode ser vencida. Abrace o processo, confie no tratamento e na sua capacidade de se recuperar e creia num futuro cheios de boas possibilidades.

Para saber mais

https://www.psicofobia.com.br

https://www.vittude.com/blog/depressao-nao-e-frescura-como-conscientizar

https://www.abrata.org.br/menopausa-depressao-e-terapia-de-reposicao-hormonal

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1eyeegvq39o

https://www.vittude.com/blog/depressao-infantil/

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